(port) PRECISAMOS SABER A VERDADE SOBRE A MORTE DO GRANDE GUERREIRO SARAPÓ KA’APOR

No dia 13 de maio, faleceu Sarapó Ka’apor, membro dos Tuxa Ta Pame, chefe da guarda de autodesefa Ka’apor e maior estrategista na resistência contra as forças agressoras da floresta e do território ancestral do povo Ka’apor. Sua morte se deu após a ingestão de um peixe que lhe foi oferecido por um morador da região. Sarapó foi a única pessoa a consumir esse peixe em uma quantidade considerável, visto que os parentes com quem compartilhou a comida acharam estranho o gosto do peixe.

Devido às agressões das mais diversas formas que a resistência Ka’apor vem sofrendo de madeireiros, mineradoras e garimpeiros, principalmente depois de intensificarem seus esforços de autodefesa, levantou-se a suspeita quanto às condições da morte de Sarapó. Será que foram causas naturais ou os inimigos de Sarapó e de todo o povo Ka’apor que, não podendo silenciá-lo de outra forma, apelaram para métodos torpes?

Essas dúvidas aumentaram quando, no dia do sepultamento, não-indígenas presentes no local apresentaram um comportamento suspeito: risos, ironia, brincadeiras e chacotas uns dos outros. Enquanto isso, parentes e amigos de Sarapó cavavam sua sepultura, entristecidos e chorosos.

Após o acontecido, indivíduos suspeitos também passaram a rondar a entrada da aldeia em que vivia Sarapó, (Área de Proteção ARARORENDA, municipio de Centro do Guilherme), MARANHÃo, como se estivessem empoderados após matar um grande guerreiro e estrategista da Resistência Ka’apor.

Com essas suspeitas em mente, a Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos (SMDH) sugeriu ao delegado de Santa Luzia do Paruá, município próximo, que solicitasse a exumação do cadáver de Sarapó para descobrir a verdadeira causa de sua morte. No entanto, percebe-se morosidade e desinteresse por parte das instituições do Estado em resolver esse caso. Até agora informaram que não conseguiram ter um coveiro para possibilitar a realização do trabalho dos peritos amanhã (11/06/2022). Afinal de contas, a autonomia de um povo indígena está sempre contra os interesses do Estado colonial. Portanto, se quisermos respostas, precisamos de pressão popular.

Saber a verdade sobre esse acontecido é um direito do povo Ka’apor, de todos que eram próximos ao grande guerreiro Sarapó e de qualquer um que apoie a causa dos povos indígenas. Sendo assim, exigimos do Estado que realize a exumação do cadáver de Sarapó Ka’apor o mais rápido possível, para que as chances de descobrir a causa mortis não diminuam. Também exigimos, caso seja comprovada alguma causa não natural de morte, a responsabilização de todos os envolvidos.

O povo Ka’apor não está sozinho! O povo Ka’apor não irá se calar!

O povo Ka’apor não irá permitir que continuem matando os seus, seja pela força bruta, seja por métodos indiretos!

O povo Ka’apor resiste e segue em luta!

MANIFESTAÇÃO

 

Nos dias 13, 14 e 15, o povo Ka’apor, junto com apoiadorxs, realizará uma manifestação em defesa de seus territórios, que vêm sendo invadidos sistematicamente por madeireiros e garimpeiros. Elxs também tem sido alvo de agressões constantes, como a ocorrida no dia 13 de maio, quando o guerreiro Sarapó Ka’apor morreu com suspeita de envenenamento.

Os ka’apor são um povo guerreiro, localizado no Território Alto Turiaçu, no Maranhão, que realiza a autonomia na prática, defendendo com as próprias forças e corpos seu território ancestral.

SARAPÓ VIVE!
TODA FORÇA E SOLIDARIEDADE AO POVO KA’APOR!

Comunicado de los prisioneros políticos Mapuche de la carcel de Angol a raiz del asesinato de Eloy Alarcón Manquepan

Los 25 prisioneros políticos Mapuche de la cárcel de Angol declaramos lo siguiente:

Lamentamos y condenamos firmemente el asesinato de nuestro peñi Eloy Alarcón Manquepan, asesinado por la avaricia que provoca el dinero en la mente de los winkas y yanakonas que jamás podrán entender lo que es SER MAPUCHE y la conexión con nuestra Ñuke Mapu.

Como prisioneros políticos de dicha cárcel nos unimos al dolor de la familia y el Lof en estos momentos tan dificiles, además de hacer extensivas nuestras más sinceras palabras de condolencia y deseos de fortaleza a su Reñma, wenuy y a todo el movimiento revolucionario que reinvindican la recuperación territorial Mapuche-Huilliche.

Hacemos un llamado a mantenernos en la unión y la reconstrucción de nuestro Rakiduam ngülam que dejaron nuestros Takeche.

¡ Justicia para todos nuestros peñi asesinados!
¡ Jamás verán al pueblo Mapuche de rodillas!

Prisioneros Políticos Mapuche.

Cárcel de Angol, 7 de junio de 2022.

Comunicado dos prisioneiros políticos Mapuche da prisão de Angol pelo assassinato de Eloy Alarcón Manquepan

Os 25 presos políticos Mapuche da prisão de Angol declaramos o seguinte:

Lamentamos e condenamos firmemente o assassinato de nosso peñi(1) Eloy Alarcón Manquepan, assassinado pela avareza que provoca o dinheiro na mente dos winkas(2) e yanakonas(3) que jamais poderão entender o que é SER MAPUCHE e a conexão com nossa Ñuke Mapu(4).

Como prisioneiros políticos de dita prisão nos unimos à dor da família e do Lof(5) nesses momentos tão difíceis, além de extender nossas mais sinceras palavras de condolência e desejos de fortaleza a sua Reñma(6), wenuy(7) e a todo o movimento revolucionario que reivindicam a recuperação territorial Mapuche-Huilliche.

Fazemos um chamado a manter-nos na união e na reconstrução de nosso Rakiduam ngülam que deixaram nosso Takeche.

Justiça para nossos peñi assassinados!
Jamais verão o povo mapuche de joelhos!

Prisioneiros Políticos Mapuche.

Prisão de Angol, 7 de junho de 2022.
(1) Irmão, forma que se tratam entre mapuche. Quando um homem se refere a outro homem usa peñi e a uma mulher lamgen(pronuncia-se lamien), as mulheres usam lamgen para ambos.
(2)Brancos
(3)Pessoas de origem sanguinea mapuche mas que são servis aos interesses dos brancos
(4) Mãe Terra, Ñuke(pronuncia-se Inhuque)=mãe, Mapu=Terra
(5)Unidade territorial mapuche que pode abarcar uma ou mais comunidades, nesse caso se refere à comunidade de Eloy.
(6)Família
(7)Amigos

(esp) REPORTE A LA PRENSA: DESAPARICIÓN DEL INDIGENISTA BRUNO PEREIRA Y EL PERIODISTA DOM PHILIPS

La Coordinación de la Organización Indígena UNIVAJA, en representación de los Pueblos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo y Tsohom-Djapá y el Opi – Observatorio de Derechos Humanos de los Pueblos Indígenas Aislados y Recién Contactados, vienen al público informar que el indigenista Bruno Araújo Pereira y el periodista Dom Phillips, de nacionalidad inglesa y corresponsal de The Guardian, están desaparecidos desde hace más de 24 horas, en el trayecto entre la comunidad de Ribeirinha São Rafael y la ciudad de Atalaia do Norte, puntos de salida y retorno, respectivamente, en el estado de Amazonas.

Los dos viajaron con el objetivo de visitar el equipo de Vigilancia Indígena que se encuentra cerca del lugar denominado Lago do Jaburu (cerca de la Base de Vigilancia de la FUNAI en el río Ituí), para que el periodista visitara el lugar y realizara algunas entrevistas con los indígenas. Los dos llegaron a su destino (Lago do Jaburu) el 3 de junio de 2022 a las 19:25. El 5 de junio, los dos regresaron temprano a la ciudad de Atalaia do Norte. Sin embargo, antes de eso, los dos se detuvieron en la comunidad de São Rafael, visita previamente programada, para que el indigenista Bruno Pereira sostuviera un encuentro con el líder comunitario apodado “Barbacoa”, con el objetivo de consolidar el trabajo conjunto entre ribereños e indígenas en la vigilancia del territorio bastante afectado por las intensas invasiones.

Según la información intercambiada a través del Dispositivo de Comunicación Satelital SPOT, llegaron a la comunidad de São Rafael alrededor de las 06:00 horas, donde conversaron con la esposa de “Churrasco”, ya que él no estaba en la comunidad, y luego partieron hacia Atalaia do Norte, una viaje que dura aproximadamente dos horas. Por lo tanto, debieron llegar alrededor de las 08h/09h de la mañana a la ciudad, lo que no sucedió.

A las 14 horas, un primer equipo de búsqueda partió de la Atalaia do Norte de UNIVAJA, formado por indígenas con gran conocimiento de la región. El equipo recorrió el mismo tramo que supuestamente habían recorrido Bruno Pereira y el periodista Dom Phillips, incluso entrando en los “agujeros” del río Itaquaí, pero no encontraron ningún rastro. Su última información de avistamiento es de la comunidad de São Gabriel, que queda debajo de São Rafael, con informes de que vieron el barco pasar hacia Atalaia do Norte.

A las 16:00, otro equipo de búsqueda salió de Tabatinga en una embarcación más grande, regresando al mismo lugar, pero nuevamente no se encontró ningún rastro.

Cabe señalar que Bruno Pereira es una persona experimentada y con un profundo conocimiento de la región, ya que fue durante años el Coordinador Regional de la Funai de Atalaia do Norte. Los dos desaparecidos viajaban con una embarcación nueva, de 40 HP, 70 litros de gasolina, suficiente para el viaje y 07 bidones de combustible vacíos.

Resaltamos que en la semana de la desaparición, según informes de empleados de UNIVAJA, el equipo recibió amenazas en el terreno. La amenaza no era la primera, ya se estaban haciendo otras a demás miembros del equipo técnico de UNIVAJA, además de otros reportes ya oficializados a la Policía Federal, el Ministerio Público Federal en Tabatinga, el Consejo Nacional de Derechos Humanos y el Indigenous Peoples Rights International.

Paulo Dollis Barbosa da Silva – Coordinador Univaja

Fábio Ribeiro – Coordinador Ejecutivo Opii

Fonte: Obervatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato

(port) INFORME À IMPRENSA DESAPARECIMENTO DO INDIGENISTA BRUNO PEREIRA E JORNALISTA DOM PHILIPS

A Coordenação da Organização Indígena UNIVAJA, em nome dos povos Marubo, Mayoruna (Matsés), Matis, Kanamary, Kulina-Pano, Korubo e Tsohom-Djapá e o Opi – Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato vêm a público informar que o indigenista Bruno Araújo Pereira, e o jornalista Dom Phillips, de nacionalidade inglesa e correspondente do Jornal The Guardian, encontram-se desaparecidos há mais de 24 horas, no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael até a cidade de Atalaia do Norte, pontos de ida e de retorno respectivamente, no estado do Amazonas.

Os dois se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu (próxima da Base de Vigilância da FUNAI no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas. Os dois chegaram no local de destino (Lago do Jaburu) no dia 03 de junho de 2022 às 19h25. No dia 05/06, os dois retornaram logo cedo para a cidade de Atalaia do Norte. Porém, antes os dois pararam na comunidade São Rafael, visita previamente agendada, para que o indigenista Bruno Pereira fizesse uma reunião com o líder comunitário apelidado de “Churrasco”, com o objetivo de consolidar trabalhos conjuntos entre ribeirinhos e indígenas na vigilância do território bastante afetado pelas intensas invasões.

Pelo que consta nas informações trocadas, via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram na comunidade São Rafael por volta das 06h00, onde conversaram com a esposa do “Churrasco”, visto que este não estava na comunidade, e depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas. Assim, deveriam ter chegado por volta de 08h/09h da manhã na cidade, o que não ocorreu.

Às 14h, uma primeira equipe de busca saiu de Atalaia do Norte da UNIVAJA, formada por indígenas extremamente conhecedores da região. A equipe cobriu o mesmo trecho que Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips supostamente teriam percorrido, adentrando, inclusive, os “furos” do rio Itaquaí, mas nenhum vestígio foi encontrado. A última informação de avistamento deles é da comunidade São Gabriel – que fica abaixo da São Rafael – com relatos de que avistaram o barco passando em direção a Atalaia do Norte.

Às 16h, outra equipe de busca saiu de Tabatinga, em uma embarcação maior, retornando ao mesmo local, mas novamente nenhum vestígio foi localizado.

Ressalte-se que Bruno Pereira é pessoa experiente e profundo conhecedor da região, pois foi Coordenador Regional da Funai de Atalaia do Norte por anos. Os dois desaparecidos viajavam com uma embarcação nova, 40 HP, 70 litros de gasolina, o suficiente para a viagem e 07 tambores vazios de combustível.

Enfatizamos que na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da UNIVAJA, a equipe recebeu ameaças em campo. A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da UNIVAJA, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International.

Paulo Dollis Barbosa da Silva – Coordenador Univaja

Fábio Ribeiro – Coordenador Executivo Opii

Fonte: Obervatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato

(esp) El cazador de minas: quién es el empresario que lidera la fiebre del oro en tierras indígenas

En los últimos 40 años, las empresas de la familia de Paulo Carlos de Brito Filho han realizado 255 solicitudes de búsqueda de minerales en áreas dentro o alrededor de 42 tierras indígenas. Más del 95% de las solicitudes son para encontrar oro en la Amazonia.

Un encargo para realizar investigaciones mineras en Brasil cuesta menos de un salario mínimo, lo que no alcanza para comprar dos botellas del vino nacional Guaspari. Pero, así como las vides, estas requisiciones mineras pueden dar buenos resultados. Propietario de la bodega, el empresario Paulo Carlos de Brito Filho también trabaja en al menos ocho empresas que, juntas, ocupan el primer lugar en la carrera por la minería en tierras indígenas (TIs).

Las mineras Rio Grande, Silvana, Acará, Icana, Irajá, Tarauacá y Apoena, vinculadas al grupo Santa Elina, concentran el 8% de las aproximadamente 3.100 solicitudes de minería y investigación minera en áreas superpuestas a territorios indígenas, o en sus fronteras, según la Agencia Nacional de Minería (ANM).

El levantamiento fue realizado por la ANM a pedido de Repórter Brasil en marzo, en vísperas de que diputados federales aprobaran de urgencia la tramitación del PL 191/2020, el proyecto de ley que pretende liberar las actividades económicas en tierras indígenas. En medio a protestas, el PL perdió apoyo en el Congreso, pero el tema puede volver a surgir en cualquier momento. Si se aprueba este “rebaño ambientalista”, el que hoy sale adelante es el grupo Santa Elina.

Entre 1982 y 2012, el conglomerado realizó 255 solicitudes de investigación minera que afectan a 42 territorios indígenas. Más del 95% de estos pedidos son para la investigación de oro en la región amazónica. Los requisitos cubren un área de 928 mil hectáreas, o seis veces el tamaño de la ciudad de São Paulo, colocando a Santa Elina en la parte superior de la lista. Detrás de ellos aparecen las empresas mineras Serra Morena (469 mil hectáreas) e Iguape (446 mil hectáreas).

Buscado por Repórter Brasil, el grupo dijo que estaba en contra de la “minería ilegal en tierras indígenas” y que todas las empresas abandonaron los procesos con “total injerencia” en los territorios demarcados. La información fue enviada en una primera respuesta de la empresa, que admitió haber mantenido los requisitos que afectan parcialmente a las TI, con el objetivo de explorar solo los alrededores. “Nunca hemos trabajado y no pretendemos trabajar en TI”, dice la nota enviada por la oficina de prensa.


¿QUIEN GANA? – EMPRESAS MINERAS CAMPEONES EN SOLICITACIONES DE INVESTIGACIÓN DE MINERÍA EN TIERRAS INDÍGENAS, QUE PUEDEN SER AUTORIZADAS SI EL CONGRESO APRUEBA LA PL 191


* Rio Grande, Silvana, Acará, Icana, Irajá, Tarauacá, Apoena e Santa Elina. ** El relevamiento considera todas las solicitudes activas en el sistema de la ANM, que incluye desde minería ya otorgada, hasta retiros presentados.


De las 255 solicitudes de investigación o exploración minera, el grupo Santa Elina retiró o renunció a 126, en su mayoría a partir de 2019, según la ANM. Aun así, el grupo se mantiene líder en el número de solicitudes que afectan TIs en el país, con 129 procesos, totalizando un área de 346 mil hectáreas, más del doble de la ciudad de São Paulo.

Si bien la minería en TI no está autorizada por ley, el sistema de la ANM mantiene tales procesos como “activos”, incluso cuando la empresa se retira, lo que es señalado como una falla por el investigador Bruno Manzolli, de la Universidad Federal de Minas Gerais General. Según él, estas áreas aún están “bloqueadas” para una nueva empresa solicitante. Esto genera inseguridad jurídica, ya que las empresas con procesos en curso tendrán prioridad sobre los derechos mineros en la región, si se regula la minería en TIs.

“Como estas solicitaciones siguen activas, si se aprueba el PL 191, quienes van a tener prioridad sobre estas áreas son los dueños de estos procesos”, advierte Manzolli, quien es uno de los autores del estudio que identificó que la minería ilegal de oro generaba daño socio-ambiental de R$ 31,4 mil millones para el país entre 2019 y 2020.

La ANM indicó, en una nota, que mantiene activos los permisos otorgados antes de la Constitución de 1988, los que se superponen con terrenos que aún no han sido homologados y los que se encuentran en las inmediaciones de las TIs. El organismo admite “lentitud” para liberar un área con retiro porque el proceso no está “totalmente automatizado”.

Primera etapa de la exploración de minerales, las órdenes de investigación son el oro del negocio de la mayoría de las empresas mineras de Paulo Brito Filho. Las empresas del grupo generalmente no exploran las minas, sino que buscan nuevas ubicaciones de prospección, principalmente para su futura reventa. Es casi como una lotería, en busca del billete ganador. Por esa forma de actuar, son considerados pequeños en el sector, lo que ayuda a entender por qué Brito opera lejos de los reflectores de la prensa y las organizaciones ambientalistas.

Y aunque la mayoría de los pedidos no se convertirán en minería rentable en el futuro, estos protocolos abren la puerta a una serie de acuerdos en la industria minera, que involucran a inversores extranjeros, bolsas de valores y paraísos fiscales. Tanto es así que el Ministerio Público Federal ya interpuso varias demandas contra la ANM y contra las empresas mineras para corregir las fallas y frenar la especulación financiera en tierras indígenas.

Negocios robustos

En el mercado financiero, Brito Filho es más conocido como propietario y presidente del consejo de administración de Aura Minerals. Pero el empresario, licenciado en administración por la Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) y MBA en Nueva York, participa como presidente, director o asesor de decenas de otras empresas, la mayoría mineras.

En una de sus pocas entrevistas en 2020, el empresario dijo que el oro se convertirá cada vez más en una opción para los inversores. Su análisis era prácticamente una invitación, ya que Aura Minerals había salido a bolsa en Brasil cinco meses antes.

Aunque discreta, la multinacional tiene acceso al centro del poder: en agosto de 2021, su director general, Rodrigo Barbosa, fue recibido por el ministro de Medio Ambiente, Joaquim Leite. “La reunión fue una invitación que hizo el ministro a alrededor de 30 actores del sector privado en la que el tema central fue la protección del medio ambiente, la Amazonía y la COP 21”, dijo la empresa. El Ministerio del Medio Ambiente se negó a comentar.

Fundada en Canadá en 1946, Aura Minerals hoy tiene alma brasileña, ya que más del 50% de sus acciones pertenecen a Northwestern Enterprises, empresa ubicada en el paraíso fiscal de las Islas Vírgenes Británicas, y controlada por Brito Filho y su padre, Paulo Carlos de Brito.

El patriarca de la familia tiene más de cuatro décadas de experiencia en el negocio minero. En 1976 fundó Santa Elina, que se convirtió en el conglomerado que hoy és encabezado por su hijo y que es clave para entender la relación del grupo con las tierras indígenas.

Con una oficina en los alrededores de la Avenida Faria Lima, el corazón financiero de São Paulo, el grupo actúa principalmente en las primeras etapas de la cadena de exploración y producción de minerales: prospección de nuevas minas, solicitud de licencias, realización de estudios geológicos y estudio del potencial de las reservas y su viabilidad económica. Por esta razón, la mayoría de las empresas del conglomerado se consideran empresas mineras “junior”.

El negocio principal de Santa Elina, por lo tanto, no es la producción en sí misma, y ​​por eso los pedidos de investigación minera son cruciales: cuando se descubre una mina, su destino más probable es ser vendida a empresas más grandes – conocidas como “majors” -, que operarán la mina.

“En cierta medida, el desempeño de los juniors es positivo para los mayores, ya que serían ellos los que correrían con el riesgo y eventuales pérdidas de no encontrar nada. Les tocaría a los grandes comprar solo lo que pensaran que valdría la pena”, explica Bruno Milanez, profesor de la Universidad Federal de Juiz de Fora y uno de los mayores estudiosos de los impactos de la minería en el país.

En esa “división del trabajo”, explica el investigador, es común que los jóvenes realicen los servicios más controvertidos, como requisar tierras indígenas para exploración, por ejemplo. “De esa manera, las grandes podrían darse el lujo de no involucrarse en la investigación en áreas de conflicto, incluso evitando la erosión de la reputación”.

El trabajo de los juniors se puede comparar con el de los jugadores de un casino, ya que solo el 0,1% de la investigación minera resulta en minas económicamente viables, y solo el 0,03% de las reservas son extraordinariamente rentables, según Milanez.

Dado el alto riesgo del negocio, los bancos tienden a mantenerse alejados de las mineras junior. Por lo tanto, el mercado de valores es el lugar más fácil para que ellos obtengan recursos para realizar actividades de prospección. “Presentar una gran cartera de áreas para explorar puede verse como una tarjeta de presentación atractiva”, dice, además de ser una forma de valorar las acciones.

El centro principal para negociar estas acciones son dos bolsas canadienses: la Bolsa de Valores de Toronto y la Bolsa de Valores de TSX. “La cultura especulativa de estos intercambios es tan frecuente que los investigadores los comparan con los casinos reales”, dice Milanez.

Las bolsas de valores de Toronto le dijeron a Repórter Brasil que sus “mercados y emisores están regulados por los reguladores de valores aplicables en Canadá, cuya misión incluye proteger a los inversores de prácticas desleales, indebidas o fraudulentas y reducir los riesgos para la integridad del mercado y la confianza de los inversores”.

Casino de oro

Los riesgos que asumen las mineras junior son convenientes para las grandes, pues evitan obstáculos políticos o burocráticos. Es por esta razón que los recientes anuncios de grandes empresas mineras, como Vale y Anglo American, de retirar sus requisitos de investigación en tierras indígenas tienen poco efecto práctico, ya que podrían, en el futuro, comprar negocios hechos posibles por empresas junior en estas áreas. Además, los gigantes del sector también mantuvieron exigencias en el entorno de las TIs.

Sin embargo, la minería en estos sitios es igualmente dañina para las comunidades tradicionales. Las tierras indígenas cuentan con la llamada “zona de amortiguamiento”, una región protegida alrededor del territorio para evitar que los impactos ambientales lleguen a las áreas demarcadas. El grupo Santa Elina ya tiene minas concedidas para prospectar oro en los alrededores de las Tierras Indígenas Sararé, en Mato Grosso, y Kayapó, en Pará, según el levantamiento de la ANM.

Según Brito Filho, la minería cerca de la reserva Kayapó fue concedida en 1991 a la Mineração Irajá, vinculada al grupo Santa Elina. El dice que la empresa nunca operó en la mina y que cedió el área a otra empresa en 2020. El empresario no comentó sobre la concesión cerca de la reserva Sararé.

Otras minas descubiertas por el conglomerado fueron objeto de denuncias por daños ambientales. En 2020, Repórter Brasil mostró la lucha de los kayapó contra los efectos de la exploración de manganeso en los alrededores de la TI por parte de la minera Buritirama, que había adquirido la licencia de Irajá. Aunque operando a 2 km del territorio demarcado, la actividad, según los indígenas, está contaminando ríos y pueblos y dificultando la pesca. El Tribunal Federal ordenó la apertura de una investigación policial para investigar la práctica de minería ilegal en TI y la posible participación de la Mineração Irajá.

En otro episodio, Biopalma Amazônia, que también pertenecía a la familia Brito, fue vendida a Vale en 2011 y ahora es objeto de denuncias por contaminación del agua en las aldeas de la TI Turé-Mariquita, en Pará, según informe de Mongabay.

Sobre el caso de los Kayapó, Santa Elina afirmó que “todo lo que Mineração Irajá produjo y vendió fue extraído dentro de los estrictos límites de sus derechos mineros”. Y con respecto a las actividades de Biopalma, la empresa dijo que “mientras tenían el control del grupo Mineração Santa Elina, siempre siguieron todas las normas y reglamentos de licenciamiento ambiental”. La minera también afirmó que solo puede ser responsable de las operaciones mientras controla las actividades.

Diamantes bajo sospecha

El grupo Santa Elina tiene minas concedidas para prospectar oro en las inmediaciones de la TI Kayapó; Brito Filho dice que la empresa nunca operó en la mina y que cedió el área a otra empresa en 2020 (Foto: Lucas Landau/Repórter Brasil)

A pesar de la discreción del grupo y de la familia Brito, en 2004 acapararon las noticias policiales por los conflictos que involucraban a los Cinta Larga, en Rondônia. Santa Elina fue investigada por la Policía Federal por la extracción ilegal de diamantes de este territorio, donde 29 mineros fueron asesinados por indígenas.

Una de las empresas investigadas era canadiense, se asoció con Santa Elina y recibió la aprobación del gobierno federal para buscar diamantes cerca de la tierra indígena, según un informe de Folha de S.Paulo. ¿Resultado? La empresa emitió acciones en Canadá y recaudó alrededor de US$ 4 millones para financiar el emprendimiento.

“Varias empresas estaban postulando a la minería ante la DNPM (Departamento Nacional de Producción Mineral, hoy ANM) y, en base a eso, negociaban titulos mineros en la Bolsa de Valores de Canadá. El propósito de la investigación era evitar que eso sucediera”, recuerda el delegado Mauro Spósito, quien comandaba las diligencias en ese momento.

El trabajo de la PF resultó en una denuncia del MPF contra la DNPM, que hizo que la Corte ordenara la suspensión y cancelación de las solicitudes de investigación no solo dentro, sino también dentro de un radio de hasta 10 km de las áreas protegidas.

“La visión vacilante y equivocada de la agencia minera fomenta las disputas más feroces entre las empresas mineras, especialmente los gigantes multinacionales, sirviendo de savia para las especulaciones más salvajes y como instrumento de presión sobre el Parlamento”, se lee en la acción del MPF.

Desde 2019, el MPF ha interpuesto varias acciones civiles públicas haciendo la misma demanda a la ANM, para que no se reciban solicitudes de investigación minera en tierras indígenas y se suspendan los permisos ya otorgados. Solo en Pará, se presentaron 52 acciones que abarcan tierras indígenas en todas las regiones del estado. En Amazonas, la autarquía llegó incluso a condenar en primera instancia a cancelar todos los requisitos para la investigación o extracción de minerales en tierras indígenas. La ANM apeló.

En una de las acciones, la ANM le dijo al MPF que “la Constitución no prohíbe las solicitudes”, y que, por lo tanto, pueden ser abiertas y suspendidas hasta que el asunto sea regulado por Ley. Repórter Brasil ha pedido reiteradamente a la agencia comentarios sobre estas solicitudes y las acciones interpuestas por el MPF, pero no obtuvo respuesta.

El grupo Santa Elina afirmó que hubo un “error” en el caso Cinta Larga y que no tuvo nada que ver con la actuación de la Policía Federal. “No tenemos ninguna conexión con la exploración de diamantes en Rondônia ni en ningún otro estado del país. Y no hubo suspensión con la ANM ni con la extinta DNPM”, dijo la empresa, a través de su gabinete de prensa.

Dos semanas después de la respuesta del grupo de Santa Elina, el empresario Brito Filho envió una nueva posición por correo electrónico y afirmó que el conglomerado también desistirá de todas las solicitudes que superpongan parcialmente los territorios. “Todas las áreas, ya sea con interferencia total o parcial, ya han tenido o están en proceso de retirarse de la ANM”. La lista de la dependencia, enviada en marzo, indicaba que seguían abiertas 129 postulaciones de Santa Elina.

El empresario también dice que condena “cualquier actividad minera ilegal en tierras indígenas”, pero coincide con una posición del sector 2021, que defiende la regulación de la minería en estas zonas, “enfatizando el absoluto respeto a los pueblos indígenas”.

Una botella de la bodega Brito ya fue entregada por el exgobernador del SP Geraldo Alckmin al expresidente francés Nicolas Sarkozy (Foto: Reproducción/Instagram)

Entre sorbos de vino, Brito Filho dijo en la entrevista de 2020 que fue el conocimiento de geología de la familia lo que le permitió encontrar el terreno ideal para plantar uvas en la Serra da Mantiqueira, en el interior de São Paulo.

Para poder seguir viviendo en sus tierras, los pueblos Kayapó, Munduruku y Yanomani decidieron unirse en torno a la Alianza en Defensa de los Territorios, que tiene como objetivo frenar el avance del PL 191.

“Es una alianza histórica e inédita”, dice Maial Paiakan, dirigente kayapó, al señalar que el objetivo del grupo es crear estrategias contra el avance de la minería ilegal y los pedidos de investigación minera en los territorios y alrededores. Solo en las áreas de Kayapó, hay 110 solicitudes, 14 de ellas de empresas vinculadas al grupo Santa Elina.

Aunque el PL 191 aún no ha comenzado a ser discutido por los diputados, la presión sobre los indígenas es grande, con la circulación de noticias falsas, dice Maial Paiakan. “La guerra ya ha comenzado”.

Fuente: Repórter Brasil

(port) O caçador de jazidas: quem é o empresário que lidera a corrida pelo ouro em terras indígenas

Nos últimos 40 anos, as empresas da família de Paulo Carlos de Brito Filho fizeram 255 requerimentos para pesquisar minérios em áreas dentro ou no entorno de 42 terras indígenas. Mais de 95% dos pedidos é para encontrar ouro na Amazônia

Um pedido para realizar pesquisas minerais no Brasil custa menos de um salário mínimo, valor insuficiente para comprar duas garrafas do vinho nacional Guaspari. Mas, assim como as parreiras, essas requisições minerárias podem render bons frutos. Dono da vinícola, o empresário Paulo Carlos de Brito Filho atua também em pelo menos oito empresas que, juntas, ocupam o primeiro lugar na corrida pela mineração em terras indígenas (TIs).

As mineradoras Rio Grande, Silvana, Acará, Icana, Irajá, Tarauacá e Apoena, ligadas ao grupo Santa Elina, respondem por 8% dos cerca de 3.100 pedidos de lavras e pesquisas minerais em áreas sobrepostas a territórios indígenas, ou na fronteira deles, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM).

O levantamento foi feito pela ANM a pedido da Repórter Brasil em março, às vésperas de os deputados federais aprovarem urgência na tramitação do PL 191/2020, o projeto de lei que tenta liberar atividades econômicas em terras indígenas. Em meio a protestos, o PL perdeu apoio no Congresso, mas o assunto pode voltar a qualquer momento. Se aprovada mais essa “boiada ambiental”, quem sai na frente hoje é o grupo Santa Elina.

Entre 1982 e 2012, o conglomerado fez 255 pedidos de pesquisa mineral que afetam 42 terras indígenas. Mais de 95% desses pedidos são para pesquisa de ouro na região amazônica. Os requerimentos abrangem área de 928 mil hectares, ou seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo, colocando o Santa Elina no topo da lista. Atrás aparecem as mineradoras Serra Morena (469 mil hectares) e Iguape (446 mil hectares).

Procurado pela Repórter Brasil, o grupo disse ser contra o “garimpo ilegal em terras indígenas” e que todas as empresas abriram mão dos processos com “interferência total” em territórios demarcados. A informação foi enviada em uma primeira resposta da companhia, que admitia ter mantido os requerimentos que incidem de forma parcial em TIs, com o objetivo de explorar apenas o entorno. “Nunca atuamos e não temos a intenção de atuar em TI”, diz a nota enviada pela assessoria de imprensa.


QUEM GANHA? – MINEIRADORAS CAMPEÃS DE PEDIDOS DE PESQUISA MINERAL EM TERRAS INDÍGENAS, QUE PODEM SER AUTORIZADOS CASO O CONGRESSO APROVE O PL 191

* Rio Grande, Silvana, Acará, Icana, Irajá, Tarauacá, Apoena e Santa Elina. ** Levantamento considera todos os pedidos ativos no sistema da ANM, o que inclui desde lavras já concedidas, até as desistências protocoladas.


Dos 255 pedidos de pesquisa ou exploração mineral, o grupo Santa Elina desistiu ou renunciou a 126, sobretudo a partir de 2019, de acordo com a ANM. Mesmo assim, o grupo segue na liderança em número de requerimentos que afetam TIs no país, com 129 processos, que totalizam uma área de 346 mil hectares – mais que duas vezes a cidade de São Paulo.

Apesar de a mineração em TIs não ser autorizada por lei, o sistema da ANM mantém tais processos como “ativos”, mesmo quando há desistência por parte da empresa, o que é apontado como uma falha pelo pesquisador Bruno Manzolli, da Universidade Federal de Minas Gerais. De acordo com ele, essas áreas seguem “bloqueadas” para uma nova empresa solicitante. Isso causa uma insegurança jurídica, já que as empresas com processos em andamento terão a prioridade dos direitos minerários da região, caso a mineração em TIs seja regulamentada.

“Como esses pedidos continuam ativos, se o PL 191 for aprovado, quem vai ter prioridade sobre essas áreas são os donos desses processos”, alerta Manzolli, que é um dos autores do estudo que identificou que o garimpo ilegal de ouro causou um prejuízo socioambiental de R$ 31,4 bilhões para o país entre 2019 e 2020.

A ANM afirmou, em nota, que mantém ativos os alvarás concedidos antes da Constituição de 1988, os que se sobrepõem a terras ainda não homologadas e aqueles no entorno das TIs. A agência admite “morosidade” para liberar uma área com desistência porque o processo não está “totalmente automatizado” (veja na íntegra os posicionamentos).

Primeira etapa da exploração mineral, os pedidos para pesquisa são o ouro do negócio da maioria das mineradoras de Paulo Brito Filho. As empresas do grupo em geral não exploram as jazidas, mas buscam novos locais de prospecção, principalmente para revenda futura. É quase como uma loteria, em busca do bilhete premiado. Por esse modo de atuação, elas são consideradas pequenas no setor – o que ajuda a entender por que Brito opera longe dos holofotes da imprensa e de organizações ambientais.

E ainda que a maioria dos pedidos não se converta futuramente em uma lavra rentável, esses protocolos abrem a porta para uma série de negócios na indústria da mineração, envolvendo investidores estrangeiros, ações na bolsa e paraísos fiscais. Tanto que o Ministério Público Federal já entrou com diversas ações contra a ANM e contra as mineradoras para corrigir as falhas e coibir a especulação financeira sobre terras indígenas.

Negócios robustos

No mercado financeiro, Brito Filho é mais conhecido como dono e presidente do conselho de administração da Aura Minerals. Mas o empresário, formado em administração na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e com MBA em Nova York, participa como presidente, diretor ou conselheiro de dezenas de outras empresas, a maioria mineradoras.

Em uma de suas raras entrevistas, em 2020, o empresário disse que o ouro vai se tornar cada vez mais uma opção para investidores. Sua análise era praticamente um convite, já que a Aura Minerals havia aberto capital no Brasil cinco meses antes.

Embora seja discreta, a multinacional tem acesso ao centro do poder: em agosto de 2021, seu CEO, Rodrigo Barbosa, foi recebido pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite. “A reunião foi um convite feito pelo ministro a cerca de 30 players do setor privado em que o tema central foi proteção ambiental, Amazônia e COP 21”, disse a empresa. O Ministério do Meio Ambiente não quis comentar.

Nascida no Canadá em 1946, a Aura Minerals tem hoje alma brasileira, já que mais de 50% de suas ações pertencem à Northwestern Enterprises, empresa situada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, e controlada por Brito Filho e seu pai, Paulo Carlos de Brito.

O patriarca da família tem experiência de mais de quatro décadas no ramo da mineração. Em 1976, ele fundou a Santa Elina, que se tornou o conglomerado hoje dirigido pelo filho e que é a chave para entender a relação do grupo com terras indígenas.

Com escritório nos arredores da avenida Faria Lima, o coração financeiro de São Paulo, o grupo trabalha principalmente nas primeiras etapas da cadeia de exploração e produção mineral: prospectando novas minas, solicitando licenças, fazendo as pesquisas geológicas e estudando o potencial das reservas e sua viabilidade econômica. Por isso, a maioria das empresas do conglomerado são consideradas mineradoras “junior”.

O negócio principal da Santa Elina, portanto, não é a produção em si, e por isso os pedidos de pesquisa mineral são cruciais: quando uma jazida é descoberta, seu destino mais provável é ser vendida para companhias maiores – conhecidas como “majors” –, que irão operar a mina.

“Até certo ponto, a atuação das juniors é positiva para as majors, pois seriam elas que arcariam com o risco e com os eventuais prejuízos de não encontrar nada. Caberia às grandes apenas comprar o que considerassem que valeria a pena”, explica Bruno Milanez, professor da Universidade Federal de Juiz de Fora e um dos maiores estudiosos dos impactos da mineração no país.

Nessa “divisão de trabalhos”, explica o pesquisador, é comum que as juniors façam os serviços mais polêmicos, como requisitar terras indígenas para exploração, por exemplo. “Assim, as majors poderiam se dar ao luxo de não se envolverem com pesquisas em áreas de conflito, evitando inclusive o desgaste de reputação.”

O grupo Santa Elina tem lavras concedidas para prospectar ouro no entorno da TI Kayapó; Brito Filho diz que a companhia nunca operou na lavra e que cedeu a área para outra empresa em 2020 (Foto: Lucas Landau/Repórter Brasil)

O trabalho das juniors pode ser comparado ao dos apostadores de um cassino, pois só 0,1% das pesquisas minerais resultam em jazidas economicamente viáveis, e apenas 0,03% das reservas são extraordinariamente rentáveis, segundo Milanez.

Dado o alto risco do negócio, os bancos tendem a se manter distantes das mineradoras juniors. Por isso, o mercado de ações é o lugar mais fácil para elas conseguirem recursos para realizar as atividades de prospecção. “Apresentar um grande portfólio de áreas a serem exploradas pode ser visto como um cartão de visitas convidativo”, diz, além de ser uma forma de valorizar as ações.

O principal polo de negociação dessas ações são duas bolsas do Canadá – a Toronto Stock Exchange e a TSX Venture Exchange. “A cultura especulativa dessas bolsas é tão preponderante que pesquisadores as comparam a verdadeiros cassinos”, diz Milanez.

As bolsas de Toronto informaram à Repórter Brasil que seus “mercados e emissores são regulados por reguladores de valores mobiliários aplicáveis no Canadá, cuja missão inclui proteger os investidores de práticas injustas, impróprias ou fraudulentas e reduzir os riscos à integridade do mercado e à confiança do investidor.”

Cassino de ouro

Os riscos assumidos pelas mineradoras juniors é conveniente para as majors, já que elas evitam os entraves políticos ou burocráticos. É por esse motivo que anúncios recentes de grandes mineradoras, como a Vale e a Anglo American, de desistência de seus requerimentos de pesquisa em terras indígenas têm pouco efeito prático, pois elas poderiam, no futuro, comprar negócios viabilizados por empresas juniors nestas áreas. Além disso, as gigantes do setor também mantiveram requerimentos nos arredores das TIs.

Porém, minerar esses locais é igualmente prejudicial para as comunidades tradicionais. As terras indígenas têm a chamada “zona de amortecimento” – uma região protegida no entorno do território para impedir que os impactos ambientais cheguem às áreas demarcadas. O grupo Santa Elina já tem lavras concedidas para prospectar ouro no entorno das Terras Indígenas Sararé, no Mato Grosso, e Kayapó, no Pará, de acordo com o levantamento da ANM.

Segundo Brito Filho, a lavra próxima à reserva Kayapó foi concedida em 1991 à Mineração Irajá, vinculada ao grupo Santa Elina. Ele diz que a companhia nunca operou na lavra e que cedeu a área para outra empresa em 2020. O empresário não comentou sobre a concessão próxima à reserva Sararé.

Outras jazidas descobertas pelo conglomerado foram alvo de denúncia de danos ambientais. Em 2020, a Repórter Brasil mostrou a luta dos Kayapó contra os efeitos da exploração de manganês no entorno da TI pela mineradora Buritirama, que havia adquirido a licença da Irajá. Mesmo atuando a 2 km do território demarcado, a atividade, segundo os indígenas, está contaminando rios e aldeias e atrapalhando a pesca. A Justiça Federal determinou a abertura de um inquérito policial para apurar a prática de extração ilegal de minério na TI e o possível envolvimento da Mineração Irajá.

Em outro episódio, também pertencia à família Brito a Biopalma Amazônia, vendida para a Vale em 2011 e que hoje é alvo de denúncias de contaminação da água nas aldeias da TI Turé-Mariquita, no Pará, segundo reportagem do Mongabay.

Sobre o caso dos Kayapó, a Santa Elina afirmou que “tudo o que a Mineração Irajá produziu e comercializou foi extraído dentro do estrito limite de seus direitos minerais”. E sobre as atividades da Biopalma, a empresa disse que, “enquanto no controle do grupo da Mineração Santa Elina, sempre seguiram todas as regras e regulamentos do licenciamento ambiental”. A mineradora afirmou ainda que só pode responder pelas operações enquanto controla as atividades.

Diamantes sob suspeita

A TI Kayapó sofre com os efeitos da exploração de manganês em seu entorno, realizada pela mineradora Buritirama, que adquiriu a licença do grupo Santa Elina (Foto: Felipe Werneck/Ibama)

Apesar da discrição do grupo e da família Brito, em 2004 eles ganharam o noticiário policial por causa de conflitos envolvendo os Cinta Larga, em Rondônia. A Santa Elina foi investigada pela Polícia Federal sobre a extração ilegal de diamante desse território – onde 29 garimpeiros foram assassinados pelos indígenas.

Uma das empresas investigadas era canadense, associou-se à Santa Elina e recebeu aval do governo federal para a pesquisa de diamantes próximo à terra indígena, segundo reportagem da Folha de S.Paulo. Resultado? A companhia emitiu ações no Canadá e captou cerca de US$ 4 milhões para financiar o empreendimento.

“Diversas empresas estavam fazendo requerimento de lavra junto ao DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral, hoje, ANM) e, com base nisso, negociavam títulos minerários na bolsa do Canadá. O objetivo da investigação foi impedir que isso acontecesse”, lembra o delegado Mauro Spósito, que comandou as diligências à época.

O trabalho da PF resultou em uma denúncia do MPF contra o DNPM, que fez com que a Justiça determinasse a suspensão e o cancelamento dos pedidos de pesquisa não apenas dentro, mas também em um raio de até 10 km das áreas protegidas.

“A titubeante e equivocada visão do órgão minerário fomenta as mais acirradas disputas entre as mineradoras, sobretudo as gigantes multinacionais, servindo como seiva para as mais selvagens especulações e como instrumento de pressão sobre o Parlamento”, dizia a ação do MPF.

Desde 2019, o MPF entrou com diversas ações civis públicas fazendo a mesma demanda à ANM, para que não sejam recebidos pedidos de pesquisa mineral em terras indígenas e para que os alvarás já concedidos sejam suspensos. Só no Pará foram movidas 52 ações que abrangem terras indígenas de todas as regiões do estado. No Amazonas, a autarquia chegou a ser condenada em primeira instância a anular todos os requerimentos de pesquisa ou extração de minérios em terras indígenas. A ANM recorreu.

Em uma das ações, a ANM disse ao MPF que “a Constituição não proíbe os requerimentos”, e que por isso eles podem ser abertos e colocados em espera até que o assunto seja regulamentado em lei A Repórter Brasil pediu reiteradas vezes comentários à agência sobre esses pedidos e as ações movidas pelo MPF, mas não recebeu resposta.

O grupo Santa Elina afirmou haver um “equívoco” no caso dos Cinta Larga e que não tem relação com a ação da Polícia Federal. “Não temos nenhuma vinculação com exploração de diamantes em Rondônia ou qualquer outro estado do país. E não houve nenhuma suspensão junto a ANM ou ao extinto DNPM”, afirmou a empresa, por meio de sua assessoria de imprensa.

Duas semanas após a resposta do grupo Santa Elina, o empresário Brito Filho enviou novo posicionamento por e-mail e afirmou que o conglomerado vai desistir também de todos os pedidos que se sobrepõem parcialmente aos territórios. “Todas as áreas, sejam elas com total ou parcial interferência, ou já tiveram ou estão em processo de desistência protocolada junto a ANM”. A lista da agência, enviada em março, indicava que 129 requerimentos do Santa Elina seguiam abertos.

O empresário diz ainda condenar “qualquer atividade de garimpo ilegal em terras indígenas”, mas concordar com um posicionamento do setor de 2021, que defende a regulamentação da mineração nessas áreas, “ressaltando o absoluto respeito aos povos indígenas”.

Uma garrafa da vinícola dos Brito já foi presenteada pelo ex-governador de SP Geraldo Alckmin ao ex-presidente francês Nicolas Sarkozy (Foto: Reprodução/Instagram)

Entre goles de vinho, Brito Filho disse na entrevista de 2020 que foi o conhecimento de geologia da família que o possibilitou encontrar o terreno ideal para plantar uvas na Serra da Mantiqueira, no interior de São Paulo.

Já para continuarem vivendo de suas terras, os povos Kayapó, Munduruku e Yanomani decidiram se unir em torno da Aliança em Defesa dos Territórios, que tem o objetivo de frear o avanço do PL 191.

“É uma aliança inédita e histórica”, afirma Maial Paiakan, liderança Kayapó, destacando que objetivo do grupo é criar estratégias contra o avanço do garimpo ilegal e os pedidos de pesquisa mineral nos territórios e arredores. Só nas áreas dos Kayapó, são 110 requerimentos – 14 deles de empresas ligadas ao grupo Santa Elina.

Embora o PL 191 ainda não tenha começado a ser discutido pelos deputados, a pressão sobre indígenas é grande, com a circulação de fake news, conta Maial Paiakan. “A guerra já começou”.

Fonte: Repórter Brasil

(esp) Wallmapu – Comunicado Lof Manquepan Nahuelpan sobre el asesinato del peñi Eloy Ulisses Alarcón Manquepan

En el día de ayer, 04/06/2022, entre Villarica y Licanray, región de la Araucania, según la geografía del invasor, en un contexto de loteo ilegal en territorio mapuche, es asesinado Eloy Ulisses Alarcón Manquepan yem, a seguir reproducimos el comunicado de su comunidad:

Fachantu, sábado 4 de junho de 2022,
En lof Hualapulli Liumalla, es asesinado a manos de un yanakona (Mauricio Briceño) nuestro lamguen Eloy Ulises Alarcón Manquepan yem quien defendía un territorio familiar que estaba bajo el título de Merced Hilario Manquepan de aprox 933 hectáreas, parte de las cuales estaban siendo usurpadas por Roberto Antonio Iturra Kusel, quien en complicidad con Mauricio Briceño habían comenzado a parcelar.

Bajo estas circunstancias es que nuestro lamguen Eloy (el que iba desarmado) se acerca a conversar con Briceño (en la calle), para informarse sobre la parcelación y destrucción de la mapu, bajo este contexto Mauricio Briceño dispara a quema ropa con su arma de fuego al Lamguen Eloy provocando su muerte, que además estaba acompañado de su madre y su esposa.

Nuestro Lof estaba en los preparativos para celebrar un nuevo wiñoltripantü, es por ello que era de real importancia conocer lo que estaba sucediendo en el mapu, para la buena realización de nuestra ceremonia conforme a nuestro mapuche moguen.Estamos con dolor y rabia, pena en nuestros piwke, pero con el lonko siempre en alto, no nos dejaremos amedrentar por el winka y yanakonas que comenzaron a dañar la imagen de nuestro Lamguen Eloy Manquepan yem, quién fue a conversar desarmado, con Briceño ya que éste no es habitante del sector, si no, solo corredor de propiedades.

Por su lucha y la de pu peñi pu lamguen.
AMULEPE TAIÑ WEICHAN!”.

Fuente: Radio Kurruf

(port) Wallmapu – Comunicado Lof Manquepan Nahuelpan sobre o assassinato do peñi Eloy Ulisses Alarcón Manquepan

Sábado, 04/06/2022, entre Villarica e Licanray, região da Araucania segundo a geografia do invasor, num contexto de loteamento ilegal por parte de imobiliárias em território mapuche, foi assassinado Eloy Ulisses Alarcón Manquepan. A seguir reproduzimos o comunicado de sua comunidade:

“Fachantu (1), sábado 4 de junho de 2022, no lof(2) Hualapulli Liumalla, é assassinado pelas mãos de um yanakona(3) (Mauricio Briceño) nosso lamgen(4) Eloy Ulises Alarcón Manquepan yem, quem defendia um território familiar que estava sob o titulo de propriedade Hilario Manquepan(5), de aproximadamente 933 hectares parte das quais estavam sendo usurpadas por Roberto Antonio Iturra Kusel, quem em cumplicidade com Mauricio Briceño tinha começado a parcelar.

Nestas circunstâncias é que nosso lamgen Eloy (que ia desarmado) se aproxima a conversar com Briceño (na rua), para informar-se sobre o parcelamento e a destruição da mapu(6), neste contexto Mauricio Briceño dispara a queima ropa com sua arma de fogo ao lamguen Eloy provocando sua muerte, que além disso estava acompanhado de sua mãe e sua esposa.

Nosso Lof estava em preparação para realizar um novo wiñoltripantü(7), por isso que era de real importância conhecer o que estava sucedendo na mapu, para realização da cerimônia conforme o nosso mapuche mongen(8). Estamos com dor e raiva, tristeza em nossos piwke(9), más com o lonko(10) sempre alto, não nos deixaremos amedrontar pelo winka(11) e por yanakonas. que começaram a prejudicar a imagem de nosso Lamgen Eloy Manquepan yem, que foi conversar desarmado com Briceño, já que esse não é habitante do lugar, mas sim um corretor de propriedades.

Por sua luta e a de pu peñi pu lamgen(12).

AMULEPE TAIÑ WEICHAN!

Fonte: Radio Kurruf

Notas:

(1) Hoje em mapudungun
(2) Lof se refere a um território compartido por famílias em uma ou mais comunidades.
(3)Yanakona (pronuncia-se Dianacona) é como se referem a/ao mapuche traidora/traidor de sua identidade, sendo servil e funcional aos interesses do colonizador.
(4) Lamgen (pronuncia-se lamien) significa irmão ou irmã. Usualmente os homens usam peñi para homens e lamgen para mulheres e as mulheres usam lamgen para ambos.
(5) No original em espanhol se referia a um “título de merced”, que especificamente no caso mapuche são títulos comunitários de propriedade da terra, que muitos foram concedidos a partir da consolidação da invasão chilena ao território mapuche, onde os territórios de muitas famílias e comunidades foi absurdamente reduzido e respaldado por esses papéis, entre o final do sec XIX e o principio do XX.
(6)Terra
(7) Solstício de Inverno, um momento muito importante para a cosmovisão mapuche, marca a entrada a um novo ciclo, algo assim como um ano novo.
(8) Forma de vida mapuche
(9) Coração
(10) Cabeça
(11) Forma como se referem ao branco colonizador.
(12) Irmãos e Irmãs, em mapudungun, a palavra pu indica plural.
(13) A luta continua! Literalmente um grito de guerra mapuche, sempre entonado de forma enérgica.

(esp) Tras el asesinato de un joven guaraní Kaiowá, la comunidad retoma tierra en el sítio donde él fue baleado

 

Alex fue baleado el sábado 21 de mayo cuando salió del Territorio Indígena Taquapery, dónde vivía, junto con dos otros jóvenes Guarani Kaiowá, para buscar leña en el vecindario. Su cuerpo fue encontrado con cinco perforaciones de arma de fuego, del lado paraguayo de la frontera, a menos de 10 km de los limites del territorio. El es la cuarta persona de la familia a ser asesinada en el municipio de Coronel Sapucaia, desde 2007.

El territorio Guarani y Kaiowá está cercado por latifundios y latifundistas que quieren su muerte! Está muy difícil para que ellos puedan subsistir, más allá de esto, el simple hecho de circular en la región – mismo en áreas ya reconocidas como parte del Territorio Indígena – es algo arriesgado y fatal. En una carta “para la justicia”, Aty Guassu sangra por más una muerte de un compañero Guarani Kaiowá, el joven Alex Recarte Vasques Lopes, de 18 años.

Después del asesinato del joven, en un acto de coraje y profunda resistencia, la familia decidió hacer una retomada en el local dónde el joven fue baleado, cerca de la frontera, en una haciendo conocida por los Guarani Kaiowá como Tekoha Jopara. En el mismo día de la retomada, los latifundista apoyados por el Estado impidieron el acceso a la área con un bloqueo de carros del Departamento de Operaciones de Frontera (DOF), dejando el territorio recuperado completamente aislada.

Toda la fuerza para la Tekoha Jopara
Viva la lucha de los pueblos Guarani y Kaiowá
Viva la Aty Guassu!

Lean la carta de la Aty Guassu

Conoce más sobre el caso aquí.

CARTA PARA LA JUSTICIA, DONDE SEA QUE ESTE!

Nuestro corazón está sangrando. No solo el corazón de cada Kaiowá e Guarani, pero el corazón de la propria Aty Guassu. Sentimos en el alma, junto a nuestra reza, nuestros Mbaraka y Takuapu que el proprio corazón de la Madre Tierra está sangrando junto con el llanto de dolor que se extiende, como un canto fúnebre, por todos nuestros territorios.

Hoy amanecimos TODOS con el mismo dolor, angustia y indignación de los parientes de Takuapery. Con el asesinato brutal y cobarde de Alex Lopes murió una parte de nosotros. Con la vida tirada de Alex Lopes, la cicatriz que nos acompaña desde que nacemos volvió como un fantasma a doler dentro de cada Kaiowá. Revuelta y miedo bailan en nuestras visiones.

Alex, joven de 18 años, lleno de sueños, como los demás niños y jóvenes, luchaba, porque en el estado de Mato Grosso del Sur, para un Kaiowá, vivir es luchar para tener un futuro en medio a la violencia y al genocidio que nos cerca. El es el cuarto de la familia extensa Lopes que es asesinado en Coronel Sapucaia desde 2007, en una secuencia de ataques que nunca para y que nunca paró contra nuestros territorios.

El cuerpo sin vida de este joven, como de nuestra anciana y Nhandecy Xurite Lopes de un masacre estructural, intencional y permanente que sigue velado. Nuestro pueblo, por fuerza de nuestra ancestralidad o solamente por la esperanza, busca encontrar, para calmar el espíritu de todos los que cayeron, una señora llamada justicia. Por más que la busquemos, incesantemente, por décadas, infelizmente, todavía no la encontramos, ni siquiera la conocemos. En nuestra búsqueda incansable, por esta Señora no despreciamos su esfera Estadual, y la calidad de sus promotores, pero necesitamos decir que si este caso, como pasó con Denilson Barbosa – otro joven asesinado en Caárapo en 2013 – acaba nuevamente en la manos del Estado, estaremos condenados a ver ser extendido una vez más sobre el genocidio sufrido por nuestro pueblo una mortaja y un paño tal cual hoy cubre el cuerpo de Alex.

Explicamos: No necesitamos decir con palabras que vivimos en un Agro-Estado, nuestra demarcación paralizada y amenazada, los números de asesinados y violaciones contra nuestro pueblo y todas las manifestaciones publicas de los latifundistas en nuestra contra, incluso criminosas y violentas, ya dan cuenta de esto.
Entonces mismo que encontremos la Señora Justicia por aquí, sabemos que no seremos vistos por ella como se debe. Ella sin duda se sentará, mismo que forzada, en la grande mesa llena de los latifundistas.

Como cuando en el caso de Denilson Barbosa fue negado nuestro pedido de llevar la discusión para la esfera federal, entendemos que lo que operó fue la comprensión de que se trataba de una cuestión que afecta a nuestro pueblo con un todo o al menos una de nuestras comunidades como un todo. Pues bien, del asesinato de Denilson hasta ahora, que pasó? Más de 30 ataques paramilitares a territorios – como en el masacre de Caarapó que costó la muerte de otro joven, nuestro querido Clodiodi – otros asesinatos, como em el caso de Simeão Vilhalva, y decenas de muertes que por fuerza de la invisibilidad y del racismo, se quedaron sin solución, sub-notificadas o olvidadas. Vimos de todo, la prensa local hacer su lobby diario travestido de todas la formas de racismos, los latifundistas entrando y saliendo de los predios incluso presionando jueces – y al final quien no se sentiría presionada en realidades de frontera? Vimos de todo pero no vimos la Señora Justicia.

Taquapery no es diferente. La reserva sufrió reducciones desde su acto de creación en 1928 que la dejaron con casi un tercio de su tamaño original. En las tierras que eran nuestras, se instalaron las haciendas que vienen promocionando violencia contra nuestro pueblo todos los días. La recuperación territorial por parte de las familias en dolor, de una de estas haciendas, dónde Alex fue muerto se dio exactamente como un grito de basta, como en 2013 el caso de Denilson, dónde las madres, cansadas de enterrar sus hijos también retomaron el movimiento conocido como Mamãe Kuera. En este caso, ocurrido en Caarapó, la competencia fue destinada como Estadual y nunca hubo justicia, estando el caso – hace más de 10 años – aún en fase de audiencias de instrucción. Necesitamos hablar más?
Ustedes imaginan cuanto nos duele una cosa de esas? Hay muchas instancias nacionales y internacionales de Derechos Humanos, incluso la ONU y la OEA vienen alertando el desarrollar sobre el caso de los Kaiowá como riesgo de genocidio. Numerosos estudios y denuncias dan cuenta de ligar los asesinados contra nuestro pueblo a un proyecto histórico de dominación y muerte. Alex no es un caso aislado y no podemos dejar que así sea definido.
La muerte de Alex es más un ataque contra nuestro territorio y la vida de nuestro pueblo. No fue solamente una familia – la de Alex que se levantó contra su asesinato – pero si una comunidad entera. Esto no se daría caso la comunidad no tuviera en su alma la noción que les fue infringido un ataque colectivo, más un de tantos. No es así?
Por eso, nosotros de la Aty Guassu Kaiowá y Guarani – Movimiento Indígena que representa la totalidad de los territorios de nuestro pueblo, para hacer valer la vida del joven Alex

y de todos los otros, exigimos y suplicamos, que tengan los operadores de justicia sensibilidad y humanidad y permitan que seamos juzgados por la Esfera Federal. Que os sea permitido el derecho sobretodo de una Pericia Federal – lejos de la influencia del Agro-Estado.

Esa es la única manera de tratar este masacre que sufrimos como se debe y en la contramano de este estado latifundista, hacer con que nuestro pueblo un día pueda encontrar la tan esperada señora llamada Justicia creyendo que es posible soñar que la encontraremos en un horizonte no distante.

OBS: Esta carta fue escrita por manos trémulas de nuestros profesores, que entre tristeza y conmoción prestaran este servicio a nuestro pueblo en la esperanza de conquistar al menos un poco de reparación por toda la violencia histórica y por la omisión y morosidad de la Justicia para con los Kaiowá hasta hoy.

Assinam esta carta:
Simão Kaiowa
Erileide Domingues
Eliseu Lopes
Otoniel Ricardo
Lucine Pedro de Almeida
Leila Rocha
Conselheiros da Grande Assembleia Kaiowa e Guarani da Aty Guasu
Taquapery, Coronel Sapucaia, 23-05-2022.